O mal que nós fazemos
15/01/2013 08:11Daniel Baptista
Eu gosto de Iron Maiden. Gosto de algumas bandas de Heavy Metal e o Iron é uma delas, também gosto de outros tantos gêneros musicais, afinal tenho um logo do Wu Tang Clan no braço e não há nada melhor que um samba rock para fazer uma mulher girar e deslizar nos braços. Mas, voltando ao Iron Maiden, essa banda britânica tem algo especial: ela contém em suas letras personagens históricos de bastante relevância, como podemos atestar em músicas como “Alexander the Great”, “Genghis Khan”, “The Clansman” e entre outras. A banda tem canções inspiradas na literatura, “The Trooper”, “The Sign of the Cross”, “Rime of the Ancient Mariner”, “Mother Russia” etc. etc. Em acontecimentos históricos e lendas medievais como “Run to the Hills”, “Aces High”, “Wasted Years”, “Seventh Son of a Seventh Son” e uma pá de outras canções. Ouvir Iron Maiden é ouvir um pouco da história, não com profundidade óbvio, mas suas letras ao invés de falar e abordar temas como sexo, drogas, mulheres e festas de arromba, possuem um caráter histórico bem interessante.
Eddie: o mascote da banda em várias versões
Existe uma canção chamada “The Evil That Men Do” em que o vocalista Bruce Dickson (que é historiador, crítico literário, esgrimista e pilota o avião da banda) anuncia o seguinte: “what men do good, is buried with his bones ... but the evil that men do ... lives on!!!” Sempre que ouço isso, creio que há um pouco de veracidade nestas palavras, as vezes elas soam como uma profecia quando vejo algumas coisas na Internet e no cenário político Nacional. As redes sociais da “www” estão cheias delas, das mais tímidas, as mais raivosas.
Vasculhando esse imenso cyber espaço, encontrei algo que deixará vocês com no mínimo, nojo assim como eu também fiquei: https://www.americannaziparty.com/. O próximo link consegue ser mais escroto e indigno de ser classificado com o pior dos adjetivos. Vejam com os seus próprios olhos: https://vnnforum.com/showthread.php?t=121405 escrito por brazukas e portugueses. Esse tipo de coisa é perpetuado até hoje.
Infelizmente ainda temos que conviver com a cultura do ódio, que podemos pensar assim ao seu respeito: “são meia dúzia de babacas, que não tem voz ativa nenhuma” eu acreditava nisso antes, mas depois de chegar ao meu conhecimento no ano passado sobre um assunto em que uma guria, que atende pelo nome de Cibele Baginski, que tem uma posição bem definida e clara, pois a mesma quer refundar o ARENA o partido dos milicos[1]. Este absurdo contava com um pouco mais de 26 mil assinantes até Novembro de 2012, parece pouco mas vejo a coisa com outros olhos.
Cibele e seu escudeiro João: ressuscitadores de mortos
Não estou acusando a senhorita Cibele de ser uma neonazista, não é isso. É que na sua sapiência e plenitude política ela argumenta que “no Brasil existe uma cultura que ser de direita é ruim” e uma das propostas da aspirante a ditadora é a de acabar com qualquer política afirmativa e qualquer tipo de auxílio. Parece que a senhorita Cibele desconhece o que foi a ARENA, o que esse partido sustentou e o que ele causou a milhares de brasileiros. Não existe justificativa que cogite a ressurreição deste grupo que só causou tristeza na história brasileira.
É notória também a força que estes movimentos reacionários ganham na Internet. Baseados em preceitos e leituras da realidade equivocadas e contando com uma parcela da sociedade que possui um padrão de vida elevado, os indivíduos que sustentam a política do “abaixo ao bolsa família”, “auxílio reclusão, aonde vamos parar?”, “abaixo a maioridade penal já!” são sempre pessoas que possuem carne na mesa, carrão na garagem e uma pequena ou média empresa. É fácil pensar como eles porque estas pessoas estão vendo os seus espaços e privilégios diminuídos. Aqui no Brasil, onde somos fundamentados em uma relação sócio-excludente, deve ser difícil mesmo para o cidadão da classe média brazuka, orgulhoso de sua descendência “germano-italo-luso-eslavo” ver seu bairro ser invadido por uma família próspera nordestina, ou ver a classe da universidade pública dividida com um negro ou um índio ou um mestiço.
Na Europa essa novela é bem antiga e os imigrantes pagam o pato pela raiva dos extremistas. Aqui em terras abaixo da linha do Equador vemos uma elite preocupada com a divisão de seus privilégios com as demais sub-raças que existem aqui, então essas pessoas vão buscar apoio aonde? Em militâncias que engraxam os coturnos militares com chavões do tipo: “Ah! Na época dos milico não tinha essa vagabundagem...” (a maioria nasceu na década de 1990!) ou então apelam para coisas mais nojentas como as citadas acima - e com um detalhe muito agravante - esses últimos são piores, pois são tão covardes que escondem os seus rostos atrás de figurinhas e codinomes. Apesar de toda a sua estreiteza e limitação a estudante Cibele deu seu rosto Ariano militar para bater.
É sempre bom lembrar que malucos como Hitler começaram assim, brandamente com meia dúzia de seguidores e anos mais tarde ele materializou tudo o que a estupidez e ódio humano são capazes de realizar. Portanto cabe a todos nós denunciar e combater qualquer pensamento reacionário que promova uma divisão entre “nós” e “eles” como esses dois citados acima que crescem no Brasil, afinal o mal que os homens fazem vive para sempre e volta e meia, reencarna em figuras medíocres e incapazes de compreender a plenitude do movimento histórico, como os simpatizantes das nojeiras acima.
Nota
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